Dra. Luciana Explica

O que são as Uveítes?

A uveíte é caracterizada pela inflamação do trato uveal, composto pela íris, corpo ciliar e coroide. A íris regula a entrada de luz ajustando o tamanho da pupila, o corpo ciliar produz o humor aquoso que preenche as câmaras ocular anterior e posterior, enquanto a coroide, rica em vasos sanguíneos, nutre a camada externa da retina. Localizada entre a esclera (camada branca externa do olho) e a retina (camada interna), a úvea pode, quando inflamada, afetar outras estruturas oculares como o nervo óptico (neurite óptica) e os vasos sanguíneos (vasculite retiniana).

Etiologia e Classificação

As uveítes são classificadas com base na origem (infecciosa, não infecciosa ou mascaradas – como as associadas à neoplasias), no padrão de início (agudo, recorrente ou crônico) e na localização (anterior, intermediária, posterior ou panuveíte). Essas categorizações são fundamentais para determinar a etiologia e direcionar o tratamento. Entre as causas infecciosas predominam toxoplasmose, tuberculose, herpes e sífilis; já doenças como espondiloartrites, artrite idiopática juvenil, deonça de Vogt-Koyanagi-Harada, sarcoidose e doença de Behçet figuram entre as não infecciosas. No entanto, muitas vezes a causa permanece desconhecida.

Manifestações Clínicas

Os sintomas variam conforme a parte do trato uveal afetada. Dor, fotofobia, hiperemia e redução da acuidade visual são comuns na uveíte anterior. Na uveíte posterior, os pacientes podem relatar visão borrada e pontos pretos flutuantes, ou moscas volantes. Os sintomas agudos são geralmente mais intensos, enquanto as formas crônicas podem ser insidiosas e mais propensas a complicações, como o edema de mácula.

Diagnóstico Avançado

O diagnóstico de uveíte começa com uma avaliação clínica e oftalmológica detalhada. Inovações em métodos diagnósticos têm aprimorado significativamente a precisão e a rapidez na identificação das causas e na avaliação do impacto da doença. Tecnologias como a tomografia de coerência óptica (OCT) e a angiografia com fluoresceína e indocianina verde são importantes para visualizar alterações microvasculares e inflamatórias detalhadamente. A inteligência artificial, testes de biologia molecular e as análises ômicas estão sendo exploradas para desenvolver diagnósticos ainda mais precisos e personalizados, marcando o advento da medicina de precisão na oftalmologia.

Tratamentos

O tratamento é guiado pela causa e pela severidade da uveíte e pode incluir desde medicação tópica (colírios) até abordagens mais avançadas com o uso de implantes intraoculares. Nas uveítes infecciosas a causa específica deve ser tratada. O uso de biológicos, como adalimumabe e infliximabe, tem revolucionado o manejo de uveítes associadas a doenças autoimunes, permitindo melhor controle da inflamação e redução dos efeitos adversos associados ao uso prolongado de corticosteroides. A personalização do tratamento, fundamentada em diagnósticos precisos e na compreensão da etiologia específica de cada paciente, é um dos pilares da oftalmologia de precisão, prometendo abordagens mais eficazes e com menos efeitos colaterais.

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